Na  gestão de projetos de capital, um dos maiores desafios é conectar todas as áreas, empresas e pessoas envolvidas. Cada fase, da concepção à execução, costuma ser marcada por rupturas, interfaces mal definidas e responsabilidades sobrepostas. O resultado? Retrabalhos, custos adicionais, cronogramas estourados e um ambiente de baixa colaboração.

É justamente para enfrentar esse cenário que a Integração de Processos surge como um dos pilares da Gestão Integrada e Governança Colaborativa (GIGC). Mais do que alinhar tarefas, ela estrutura a espinha dorsal que conecta estratégia, execução e operação, garantindo fluidez, eficiência e previsibilidade ao longo do ciclo de vida do projeto.

O que significa integrar processos?

A integração de processos consiste em criar um modelo sistêmico e coordenado, no qual decisões, responsabilidades e informações fluem de forma contínua. Na prática, significa estabelecer um ambiente em que cada parte envolvida atua de forma complementar e não redundante.

Esse pilar envolve uma série de etapas, desde a eliminação de atividades duplicadas até o uso de tecnologias avançadas, passando pela revisão de papéis e responsabilidades e pelo envolvimento antecipado de parceiros estratégicos. O objetivo é simples, mas ambicioso: transformar a execução em uma jornada colaborativa, previsível e orientada a resultados.

Otimização do fluxo de valor

O ponto de partida é a otimização do fluxo de valor do projeto. Cada etapa do projeto deve agregar valor ao resultado final, ao invés de gerar desperdícios. Para tanto, é importante:

• Eliminar sobreposições de atividades entre áreas ou empresas, que frequentemente executam as mesmas tarefas.
• Aproveitar tecnologias e automatizações para reduzir retrabalhos e garantir uma gestão baseada em dados confiáveis (data driven).
• Reduzir a mão de obra própria e de terceiros alocada em processos ineficientes, liberando recursos para atividades realmente estratégicas.

Na gestão de projetos de capital, essa lógica se aproxima da filosofia Lean. Ou seja, trabalhar com foco na geração de valor e na eliminação sistemática de desperdícios.

O papel da tecnologia na integração de processos

A tecnologia é um habilitador crítico. Metodologias como BIM, AWP e ferramentas como hubs integradores permitem consolidar dados, rastrear decisões e dar visibilidade em tempo real ao avanço do projeto. 

Em vez de relatórios fragmentados, o time passa a ter uma única fonte de verdade (Single Source of Truth), acessível a todos os stakeholders.

Mais do que digitalizar documentos, trata-se de criar um ecossistema de informação confiável, que fornece suporte às decisões conjuntas e reduz as  disputas contratuais.

Revisão de papéis e responsabilidades

Na Integração de Processos, a clareza de papéis e responsabilidades é outro aspecto central. Em muitos projetos, lacunas de accountability ou sobreposições entre equipes geram conflitos e atrasos.

Desta forma, a revisão desses papéis, sempre orientada a objetivos comuns, fortalece a colaboração e promove uma cultura em que todos compreendem como sua atuação impacta no sucesso coletivo.

Early involvement: trazendo executores para a mesa desde o início

Uma prática essencial para garantir a integração de processos  é o envolvimento antecipado (early involvement) de construtoras, montadoras e fornecedores-chave. 

Com essa abordagem, quando esses parceiros participam das decisões ainda nas fases iniciais (FEL 2 e FEL 3), é possível antecipar desafios de construtibilidade, alinhar expectativas e evitar revisões durante a execução.

O early involvement e a colaboração em contratos compõem um pilar específico dentro da solução GIGC, exigindo, acima de tudo, uma mudança de mentalidade, que representa um dos maiores diferenciais da abordagem. 

A verdade é que, ao integrar o notório saber de quem executa, aumenta-se a viabilidade técnica e reduz-se o risco de falhas na implantação.

Integração de processos em múltiplas dimensões

A Integração de Processos atua em diferentes camadas. Veja só:

• Entre áreas internas: garantindo quebra de silos e a busca por um objetivo único e comum entre todas as áreas envolvidas, atuando em sinergia.
• Entre níveis hierárquicos: conectando visão estratégica, tática e operacional, cada uma com indicadores específicos.
• Entre empresas: promovendo colaboração real entre owner, projetistas, construtoras, montadoras, gerenciadoras e fornecedores.

É essa visão multidimensional que transforma a gestão integrada em algo além da teoria, tornando-a prática e sustentável.

Indicadores e ritos de gestão: medindo o que importa

Integrar processos também significa integrar a forma de medir resultados. Os ritos de gestão e os KPIs devem ser desenhados conforme cada nível hierárquico:

• O nível estratégico olha para a efetividade e metas globais;
• O nível tático foca na eficácia das áreas e contratos;
• O nível operacional acompanha a eficiência das atividades no dia a dia.

Essa diferenciação garante que cada instância monitore o que realmente importa para sua tomada de decisão, sem microgerenciamento e agregando o máximo valor em cada nível hierárquico.

Conclusão: a espinha dorsal da GIGC

A Integração de Processos é o pilar que sustenta a ambição da Gestão Integrada e Governança Colaborativa. Sem ela, qualquer iniciativa de colaboração, digitalização ou otimização perde força. Com ela, projetos de capital ganham previsibilidade, eficiência e sustentabilidade.

Mais do que uma revisão de fluxos, trata-se  de uma mudança cultural, que valoriza colaboração acima de disputas, dados acima de opiniões e resultados globais acima de metas individuais.

Na Verum Partners, acreditamos que integrar processos é integrar pessoas, decisões e objetivos. É criar a espinha dorsal que permite transformar a realidade dos projetos de capital no Brasil e no mundo.

Se você quer investir na integração de processos para a gestão de projetos, conte com o time de especialistas da Verum Partners. 

Autora: Fernanda Moreira, Partner & Associate Director na Verum Partners