Metodologia e mindset ágil na engenharia aceleram a transformação cultural necessária na implementação do BIM.

O setor da construção está habituado a trabalhar em um fluxo de projeto que não favorece a colaboração. O cliente estabelece objetivos e premissas, o projetista define a solução de engenharia, o construtor define a metodologia construtiva e delega para encarregados a execução da obra. Cada um em seu momento e na sua especialidade. E como cada especialidade é dominada por equipes distintas, em etapas distintas, ocorre necessidade de adaptação do que foi entregue na passagem de bastão entre equipes. Será que podemos fazer melhor?

Conceituando o BIM, o BAM e o BOOM

O termo BIM-BAM-BOOM! citado por Patrick Macleamy, presidente da BuildingSMART International, expressa de uma forma didática o porquê precisamos de uma forma mais colaborativa de pensar o projeto.

BIM
Fonte: Adaptado de Ho+K

Considerando o uso do conceito BIM (Building Information Modeling) com nomes distintos nas diferentes etapas de um empreendimento e que o termo BIM esteja relacionado à etapa de design, pensem no custo do empreendimento ao longo de suas fases. Embora os valores possam variar para diferentes tipos de empreendimentos, vale a provocação das proporções exemplificadas aqui. Para cada real gasto na etapa de design, 20 reais são gastos na construção e 60 reais são gastos na operação (pensando em uma operação de 50 anos). Na etapa de design, tem-se a definição da solução de engenharia e orçamentação da obra.

Em etapa de construção, o modelo BIM é adotado como um modelo da construção e montagem e passa a ser denominado BAM (Building Assembly Modeling) suportando um melhor planejamento da obra, gestão de materiais, coordenação de diferentes fornecedores e controle de custos. Durante a vida útil do empreendimento, o Owner pode adotar o BIM e o BAM para otimizar sua operação. O uso do modelo para esse fim é chamado de BOOM (Building Operation Optimization Modeling).

O segredo é a Colaboração

Embora a etapa de design seja de longe a etapa de menor custo, é nesta etapa que a solução do projeto é definida a qual afetará diretamente os benefícios potenciais que poderão ser obtidos nas etapas futuras.

Não seria relevante investir desde a etapa de design em uma forma colaborativa de definir a solução já envolvendo equipes de construção e operação para contribuírem efetivamente na definição da solução que será tão relevante para os modelos BAM e BOOM?

Tal abordagem não só reduz os retrabalhos na passagem de bastão entre fases, como permite definir soluções melhores, pois contemplam um olhar de um grupo multidisciplinar especializado nas diferentes fases.

BIM

A mudança na forma de se pensar um projeto é um dos maiores desafios da incorporação de um mindset colaborativo ou mindset ágil. As empresas e equipes não estão habituadas a atuarem de forma verdadeiramente colaborativa. Todos colaboram, desde que no seu momento. O que muitos ainda não perceberam é que esse momento mudou. Não é mais lá na frente, sequencial, cada um na sua hora. É incremental, ao longo do processo e procurando cobrir a visão do todo desde o começo.

A jornada é desafiadora, requer experiência e engajamento

Como especialista em BIM, já vivenciei e assessorei implementações verdadeiramente transformadoras em grandes clientes, que culminaram em mudança de estrutura organizacional, ajustes de processos, dentre outros. As mudanças são muitas e em diversos pilares, sendo o pilar mais desafiador e impactante o de pessoas.

Após a estabilização do processo BIM, é comum a reflexão que a implementação possibilitou melhorias tanto na comunicação quanto no processo entre as equipes que já deveriam ter sido adotadas independentemente do meio de elaboração do projeto (CAD ou BIM). É certo que o BIM traz um melhor entendimento da solução de projeto contribuindo para uma colaboração de maior qualidade, mas é possível e necessária maior colaboração com ou sem o uso do BIM.

Em um mundo cada dia mais conectado, acelerado, complexo e competitivo, pensar no projeto de forma colaborativa é uma necessidade. As metodologias de gestão ágeis estão aí oferecendo técnicas para acelerar esse movimento e promover a mudança cultural, mudança de hábitos, necessária.

Contar com ajuda especializada na transição para BIM e engenharia ágil é muito importante. Se possível, opte por consultorias que consigam suportar ambas as metodologias como a @VerumPartners. Certamente será um diferencial que contribuirá para o sucesso de ambas as implementações.

Artigo escrito por Luciana Loures, BIM Champion na Verum Partners.