Nos últimos anos, os setores de construção sob encomenda, como a indústria de construção naval e eólica, assumiram o desafio de aplicar a filosofia Lean em seus projetos. Demanda instável, extensos prazos de entrega e a necessidade de adquirir insumos internacionais, são as principais limitações para sistemas de produção puxada orientados a projetos industriais (Ballard e Howell 2003; Brown et al. 2004). Há por exemplo, a dependência de compras externas como equipamentos específicos, motores e sistemas de navegação.

Diferente da produção industrial em massa, caracterizada pela produção em tempos de ciclo rápidos, essas indústrias conferem tempos de ciclo em meses e anos. Os clientes são específicos e os padrões de benchmark são bastante elevados. Em contrapartida, é comum que sejam fechados contratos com várias unidades idênticas. Capacidade de carga, finalidade de navegação e sistemas, tamanho e estrutura, permitindo que encomendas tenham seus processos padronizados e otimizados com base na metodologia enxuta.

A indústria naval japonesa, por exemplo, possui histórico de melhoria de produtividade na ordem de 150%, muito pela aplicação dos princípios do Sistema Toyota de Produção (Phogat 2013). Também podemos citar o exemplo da redução de 54% do tempo de fabricação, redução de 80% de retrabalho, além do aumento de 29% na produtividade em um estaleiro localizado em Mississippi, EUA (Sharma e Gandhi 2017).

Diante dessa perspectiva exemplificada, este material tem como objetivo citar alguns métodos para alavancagem do desenvolvimento econômico de empresas de grande porte que trabalham sob encomenda, através de práticas já existentes no mercado.

O cenário inicial das indústrias que decidem implantar o Lean, de forma simplificada, está relacionado às condições de qualificação de mão de obra, custos de produção e tempo de entrega elevados. Essa condição exige uma mudança disruptiva de paradigmas para eliminar os gaps de produção e estabelecer uma cultura orientada para a alta performance e qualidade através do Sistema de Manufatura Enxuta (LM). Elencamos algumas das “Best practices” aplicáveis a esse tipo de implantação em projetos industriais:

Oficinas de Kaizen: promovem o desenvolvimento dos colaboradores, apoiando o objetivo estratégico. Para cada problema encontrado é desenhada uma solução ou contra-medida, focando a atuação sobre as causas raiz do problema para que o problema não volte a ocorrer.

Conceito de mini-fábricas/squads: definem estruturas de equipe multidisciplinar que atuam sobre parte da entrega e posteriormente compõem o produto final. O estado alvo é, além de encontrar soluções para problemas, desenvolver autonomia operacional.

Operações sequenciadas: estabelecem fluxos de acordo com famílias, onde os equipamentos são dedicados a cada linha ao invés de serem compartilhados. Na configuração, ocorrem mínimas movimentações e transporte.

Estruturação de layout: permite que as equipes estejam fixas e as atividades de montagem, soldagem, pintura, acabamento, sejam dispostas em estações de trabalho em alta performance produtiva.

Gestão à vista: permite que qualquer pessoa avalie o estado de entrega de cada mini-fábrica/squad, facilitando o fluxo de comunicação e acionamento da cadeia de ajuda para solução de problemas,

Multifuncionalidade operacional: flexibiliza a atuação dos colaboradores para que estejam habilitados ao trabalho “por oportunidade”, reduzindo tempo ocioso;

Esses são alguns exemplos de ações têm resultados comprovados e permitem que o empreendimento suporte o processo de mudança e transformação cultural para evolução dos seus resultados operacionais. Além de reforçarem a importância do Lean Manufacturing como uma filosofia de excelência operacional, com foco nas pessoas, e a capacidade de otimizar processos e trazer ganhos a qualquer tipo de organização.

Referências: 

monopoli10016503.pdf (ufrj.br)anlise-de-melhorias-em-um-estaleiro-tpico-brasileiro-atravs-de-princpios-do-lean-production.pdf (ufrj.br)PRArt214969_Estaleiro de reparo e manutanção naval_P_BD.pdf (bndes.gov.br)4

Avaliação do estado da arte da engenharia de produção na indústria naval brasileira: um estudo de caso no estaleiro Atlântico Sul
A Verum Partners tem larga experiência em implantação de Lean, BIM, Cultura Ágil, e metodologia AWP como a base para o gerenciamento de seus projetos, explorando a capacidade dessa metodologia de abranger todas as áreas de conhecimento e níveis de gerenciamento, sendo base para a integração entre engenharia, suprimentos, construção e comissionamento. Temos os melhores profissionais do mercado. Somos parceiros de verdade na alavancagem dos seus negócios!

Autora: Evelyne Resende, Senior Consultant of Capital Projects and Infrastructure na VerumPartners.