Para quem ainda tem dúvida sobre os benefícios da metodologia AWP(Advanced Work Packaging) e BIM(Building Information Modeling), resolvi trazer um case de grande sucesso, que rendeu a empresa EPCista(Engineering, Procurement and Construction) o título de melhor fornecedora na categoria engenharia do ano (que inclui também serviços de construção e montagem).

Neste case, o Epcista entregou ao cliente uma plataforma de petróleo com mais de 2 meses de antecedência do prazo definido em contrato!

Tive a oportunidade e grande prazer de ser um dos protagonistas BIM neste projeto EPCI (Engenharia, Compras, Construção e Instalação) que entregou um navio plataforma do tipo FPSO (Unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência) instalado a 200 km da costa brasileira para extração de petróleo a mais de 2000m de profundidade.

Esse projeto foi cheio de desafios.

O primeiro sem dúvida foi a aplicação de diversas ferramentas BIM, e de diferentes soluções de fornecedores a serem utilizadas de forma integrada e com interoperabilidade (assunto que deverá render um próximo post!)

O seguinte, foi o volume de informações e quantidade de pessoas trabalhando nessas ferramentas. Para exemplificar, no momento de pico do projeto mais de 150 pessoas trabalharam de forma simultânea e integrada nas diversas disciplinas, utilizando os sistemas e elaborando o projeto em BIM 3D, obtendo informações atualizadas das ferramentas esquemáticas, gestão de materiais, todas de forma digital através de sistemas integrados com os sistemas BIM. Tudo isso sendo gerenciado e disponibilizado para consulta em um HUB central de informações.

Para completar, partes do projeto foram desenvolvidos por outras empresas e em outros países.

A lista de desafios é longa, mas fico imaginando como seria esse projeto sem o BIM?! Como seria elaborar isométricos, spools, plantas, listas, desenhos de suporte e ainda levantar material para mais de 10 mil linhas de tubulações? Como seria sem o BIM gerenciar as interfaces e materiais de elétrica, instrumentação, telecom, e hvac em um navio com 332m de comprimento, 58m de largura e 50m de altura? E verificar interferência em módulos extremamente condensados, gerenciar rotas de fuga, espaço de manutenção, controlar o centro de gravidade e peso desses módulos para operações de Lifting e transporte, e gerenciar o centro de gravidade/peso do projeto para que o navio não afunde? Como seriam as análises de flexibilidade de tubulação, análises estruturais e revisões de projeto em decorrência dos resultados dessas análises? Como seria para equipe de engenharia, operação e manutenção do cliente contribuir na qualidade do projeto trazendo as lições aprendidas e melhorias de projetos anteriores? Quanto tempo seria necessário para o projeto ser realizado na forma convencional utilizando ferramentas como o CAD/EXCEL? Qual seria o nível de qualidade e precisão das informações para obra? Digo obra, porque “papel aceita tudo”, mas quando as informações saem do papel e vão ser realmente executadas “ai o bicho pega” e então vemos realmente os problemas do projeto. Será que teríamos toda precisão nos quantitativos de material feito de forma tradicional, materiais esses, extremamente caros e de longo tempo de fornecimento com o Super Duplex(aços com maior resistência à corrosão e resistência mecânica)?! Esses são apenas alguns exemplos dos desafios que as ferramentas BIM ajudam em um empreendimento, e que sem dúvida ajudaram no sucesso desse projeto, e acabou rendendo a empresa EPCista reconhecimento / premiação internacional de fornecedor de tecnologia BIM.

O BIM teve protagonismo no projeto, mas sem dúvida o AWP teve um papel fundamental na estratégia e sucesso para conclusão do mesmo. Alguns podem duvidar desse case e pensar que não conhece nenhum caso de AWP na indústria naval no Brasil, então vou explicar melhor.

Esse projeto não se aplicou o AWP exatamente conforme a liturgia manda, mas sim, aplicou AWP em sua essência, empiricamente, sem saber que estávamos utilizando AWP, mas utilizando sim “Best Practices” de gestão de projetos que hoje fazem parte da metodologia AWP.

Querem ver?

Nós não tivemos o CWAs(Construction Work Area) como uma terminologia conhecida, mas todos conheciam e trabalhavam nos módulos (que são frações da plataforma, definidas geograficamente com escopo e funções bem definidas).

Nós não tínhamos os CWPs(Construction Work Package), mas todo planejamento e execução de engenharia, suprimento e obra seguiam seus pacotes construtivos desdobrados multidisciplinarmente por atividades em cada módulo (CWA).

Para explicar melhor, um exemplo claro da metodologia AWP aplicada nesse projeto, foi a tubulação. Boa parte das tubulações conectavam pelo menos dois módulos (CWA), mas elas foram divididas tanto no planejamento, documentação, compra e execução por módulo, e as linhas eram agrupadas em cadernos de isométricos (em uma analogia grosseira seriam nossos CWP), haviam definidos limites de bateria entre os módulos, e as tubulações eram ancoradas para que a análise de flexibilidade das linhas daquele CWP fosse realizada, e não interferisse o projeto de sua sequência nos outros módulos. Não só o caderno de isométrico daquele conjunto de linhas era liberado, assim como suas plantas, listas de suporte e listas de material seguindo o raciocínio de que todas as informações necessárias para conclusão do CWP, estivessem liberadas sem restrição. Tudo isso seguindo a sequência construtiva definida no começo do projeto (hoje conhecido como POC – Path of Construction). No caso desse projeto essa sequência tinha foco principalmente nas prioridades de fornecimento e na sequência de lifting (içamentos) dos módulos no navio, tudo isso, priorizando o menor número de movimentações no navio (operação extremamente crítica).

Mesmo não seguindo na risca a metodologia AWP, mas seguindo seus grandes pilares, foi possível entregar o projeto com 2 meses de antecedência, receber reconhecimento do cliente como o melhor parceiro no ano para entrega de plataformas e içar 19 módulos (fora as divisões dos pipe-racks), totalizando aproximadamente 31 mil toneladas, sem nenhum acidente de trabalho. Sim, muito desse sucesso é graças a alta qualificação dos profissionais envolvidos, a competência e grande conhecimento de projeto e métodos construtivos dos tomadores de decisões da empresa epcista, porém não tenho dúvidas que o BIM foi fator determinante para o sucesso do projeto, e agora depois de conhecer a metodologia AWP, consigo conectar com absoluta clareza que grande parte do sucesso no projeto foi graças a aplicação de melhores práticas disseminadas na metodologia AWP.

Quer saber um pouco mais desse case de sucesso, ou como as metodologias AWP, BIM, Lean, Agil e outras metodologias podem ajudar no sucesso do seu projeto? Entre em contato comigo ou qualquer profissional da Verum Partners, a empresa que trouxe e dissemina o AWP no Brasil e América Latina.
A Verum Partners tem larga experiência em metodologia AWP, BIM, Gestão de Contratos em projetos de Capital, ESG, implantação de Cultura Ágil e Lean como a base para o gerenciamento de seus projetos, explorando a capacidade dessas soluções de abranger todas as áreas de conhecimento e níveis de gerenciamento, sendo base para a integração entre engenharia, suprimentos, construção e comissionamento.
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Autor: Daniel Alves Passos, Bim Champion na VerumPartners