É comum quando falamos de Agilidade fora da TI que surjam alguns céticos duvidando da praticidade da aplicação do Mindset Ágil, ainda mais quando se trata de projetos de capital e infraestrutura. As dúvidas são das mais diversas naturezas: muitos perguntam se não seria na verdade um desenvolvimento incremental ao invés de adaptativo, ou perguntam como se daria a criação de protótipos, ou até mesmo execução das sprints. Em boa parte essas dúvidas surgem por não conseguirem entender os fluxos de valor envolvidos durante o ciclo de vida de um projeto de construção, tão pouco os clientes e stakeholders envolvidos.

Agilidade é um conceito que ganhou força com a indústria de software a partir dos anos 2000. No entanto isso não quer dizer que esse conceito seja algo novo no desenvolvimento de projetos de engenharia, muito pelo contrário, uma das práticas mais famosas no ágil é o Design Thinking, que remonta justamente ao Bauhaus, uma escola de Design que redesenhou os pilares da arquitetura moderna.

Pense em um projeto como uma usina siderúrgica, quem é o cliente da usina? E quem é o usuário? Diferentemente de um projeto de desenvolvimento de software, onde o usuário é a pessoa/organização que utiliza o produto, em um projeto de capital e infraestrutura os usuários são diversos, bem como os clientes. No exemplo da siderúrgica, a utilização do aço pelas pessoas comuns é quase secundária dado o processo industrial, sendo muito mais importante entender aspectos como logística de armazenamento, capacidade produtiva, tipos de perfis de aço que serão produzidos e segurança dos operários.

Dada a natureza de cada um desses aspectos, o ciclo de vida de um projeto de construção começa muito antes da construção em si, tendo início no plano de negócios, evoluindo para o projeto conceitual, projeto básico, projeto detalhado e só então culminando na construção, sendo que depois de estar construído ainda há as fases de comissionamento, start up e, finalmente, a fase de entrega do empreendimento.

Assim o valor gerado em um projeto deste porte depende muito do contexto em que ele está inserido e de qual é a etapa atual do ciclo de vida dele. O avanço da computação, a utilização de modelos BIM, de gêmeos digitais, e até mesmo de realidade aumentada, facilitou a criação de protótipos para testes , o que não era possível=antigamente.

Isso facilita a criação de MVPs no próprio modelo digital, possibilitando iterações e incrementos no produto. É importante lembrar que uma arquitetura não se constitui apenas da sua função, mas também da beleza e da segurança. O modelo clássico vitruviano citava firmitas, utilitas e venustas como os fundamentos de uma arquitetura, sendo que hoje em dia se fala também de um outro pilar: o da sustentabilidade. Assim, os mínimos produtos viáveis não serão entregues apenas a nível de utilização da estrutura, mas também a nível de segurança, de estética e de impacto ambiental.

Tal desdobramento não é trivial, para chegar nele muito trabalho é realizado de forma a entender as interações e os impactos que irão ocorrer no projeto, até mesmo com agentes externos, e, então, adaptá-lo à realidade. Antigamente essas interações eram feitas poucas vezes pois exigiam tempo, esforço e custo. Um ótimo exemplo disso eram os testes de cargas feitos em fundações para saber se elas iriam suportar ou não a estrutura que se estava projetando.

agilidade

Teste de carga em Tókio 1926

 

Hoje em dia esses testes ocorrem de forma virtual, reduzindo custo, tempo e esforço, além de ser muito mais seguro. Perceba que segurança é um critério que não cabe ao usuário testar, mas sim à equipe de projetistas que está concebendo o projeto demonstrar sua funcionalidade para as entidades que representam o usuário e cuidam de seu interesse, desde órgãos fiscalizadores como CREA, até órgãos normativos como ABNT. O mesmo vale para as funções ambientais do projeto.

Em nossa experiência percebemos que, de modo a facilitar a aplicação da agilidade no desenvolvimento de projetos de engenharia, precisamos do auxílio de outras práticas que apoiem no desenvolvimento do produto construtivo em si. Por isso o AWP (Advanced Work Packaging) é considerado um grande aliado, uma vez que fornece o sequenciamento lógico e estratégico da construção, também conhecido como Path of Construction (Caminho da Construção), identificando a melhor abordagem para a entrega do projeto e norteando o desenvolvimento do backlog da projetista, que deverá ser validado pelo cliente antes do início das atividades.

Pensando na gestão de projetos de engenharia, a Verum Partners desenvolveu o framework de Engenharia Ágil: uma junção das melhores práticas do Scrum, Kanban e Lean Construction. A estruturação e a priorização do backlog de acordo com as necessidades da construção, o levantamento e a gestão de restrições com antecedência, a colaboração entre contratada e contratante, as inspeções de entregas, a transparência durante o desenvolvimento do projeto, o feedback constante e as reuniões de desempenho são apenas alguns dos benefícios percebidos com essa nova abordagem de gestão de projetistas.

Entre em contato conosco para conhecer ainda mais esse mundo da gestão ágil de projetos!

A Verum Partners tem larga experiência em implantação de Lean, BIM, Cultura Ágil, e metodologia AWP como a base para o gerenciamento de seus projetos, explorando a capacidade dessa metodologia de abranger todas as áreas de conhecimento e níveis de gerenciamento, sendo base para a integração entre engenharia, suprimentos, construção e comissionamento.
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Autores: Raphael da Costa, Agile Coach e Consultor de Projetos de Capital e infraestrutura na VerumPartners
Fernanda Moreira, Consultora de Projetos de Capital e infraestrutura na VerumPartners