De que forma o Lean pode alavancar o crescimento da armazenagem de grãos no Brasil?
De acordo com o estudo realizado em mar/2021 pela Empresa Brasileira de Pesquisa agropecuária (Embrapa) o “Brasil será o maior exportador de grãos do mundo em 5 anos”. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil alcançou recordes sucessivos de produção de grãos nos últimos anos, mas a capacidade de armazenamento não cresceu no mesmo ritmo. O resultado é um déficit de armazenagem de mais de 100 milhões de toneladas como demonstra o gráfico abaixo.
Fonte: Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).Os números excelentes das empresas do segmento de equipamentos de armazenagem de grãos são resultados de mesmo em meio a pandemia o agro não ter parado, e grandes investimentos ocorreram durante esse período demonstrando a força do setor. A partir desse contexto de que forma o Lean pode alavancar o crescimento da armazenagem de grãos no Brasil?
De uma forma simples o Lean é uma filosofia que visa o longo prazo, é orientado a fazer a coisa certa, no momento certo e na qualidade esperada (Just in Time), acredita que soluções ótimas surgem de bons parceiros e boas pessoas, e que a excelência só é alcançada através da melhoria contínua. Na implantação do Lean Construction em unidades de armazenagem de grãos, um grande aliado é o Last Planner System (o último planejador), que tem como objetivo reduzir a variabilidade dos projetos, através da elaboração de um planejamento colaborativo envolvendo as diferentes disciplinas e principalmente o time da operação, aumentando o comprometimento das pessoas responsáveis por executar o processo e fortalece o sentimento de “dono”.
No Lean todo problema é visto como uma oportunidade, e para facilitar o mapeamento dos problemas e a transparência na resolução, uma das etapas do LPS é o Look Ahaed (prontidão), são rotinas com o objetivo de levantar restrições, ou seja, tudo aquilo que pode impedir que as atividades previstas naquele prazo estipulado sejam entregues. Essa etapa é essencial para o atingimento dos resultados, pois permite com que o time aumente o desempenho dos processos, através da verificação antecipada e eliminação das restrições. Outra prática essencial é a War Room a nossa conhecida “sala de guerra”, que tem como objetivo a gestão dos resultados, reunindo as pessoas certas, com as informações certas e prontas para tomarem ações efetivas.
Em alguns cases de implantação do Lean na construção de unidades de armazenagem algo que se repete é a dificuldade na identificação das restrições, as pessoas estão acostumadas a dar uma tratativa para os problemas apenas no momento que ocorrem, e tendem a aceitar como parte da rotina. Alguns exemplos recorrentes são atividades predecessoras como a montagem do balancim que quando não previsto pelo encarregado, por levar um tempo considerável impactando na quantidade de chapas a serem montadas, temos também a falta da botina específica para a montagem do telhado do silo, a falta da chave de impacto para as chapas de maior espessura, a falta de pessoa qualificada para trabalho em altura, todas essas “restrições” são descobertas quando já impactaram as metas diárias, causando desgaste e esforço da liderança no conhecido “apagar incêndio” e horas homem (Hh) para recuperação do cronograma. Impactos esses que ficam visíveis na War Room e a evolução acompanhada diariamente.
É sempre importante a sensibilização da equipe sobre o registro correto das informações e uma insistência nas rotinas de prontidão, até que a barreira da mudança seja rompida, se tornando um hábito. A partir do momento em que as equipes começam a identificar os desperdícios, as soluções para reduzi-los ou eliminá-los surgem de forma natural, afinal,
“O Lean não resolve problemas, Lean desenvolve pessoas, pessoas com as ferramentas corretas resolvem problemas.”
Vamos imaginar que apenas essas duas boas práticas sejam implementadas também na operação das unidades de armazenagem. A gestão da unidade passa a ser baseada em indicadores reais, metas bem definidas, e a identificação e resolução de problemas acontece de forma sistêmica e colaborativa. Alguns exemplos dos resultados que poderíamos obter:
- Ao identificar que o equipamento não atinge o máximo da sua capacidade poderíamos elaborar um plano de manutenção preventiva;
- Poderíamos criar um trabalho padronizado mapeando os pontos críticos de operação, impedindo os casos de incêndio que ocorrem nos secadores ou outras anomalias nos demais equipamentos.
- O gargalo de caminhões que ocorre no descarregamento de grãos poderia virar uma grande oportunidade de melhoria no fluxo;
- E se para todo o desperdício de grãos que ocorre no decorrer do processo os colaboradores envolvidos sugerissem melhorias que reduzam essas perdas?
A maior transformação que ocorre com o Lean é a cultural, o Lean envolve as pessoas como parte essencial do processo, desafiando-as a utilizarem o seu potencial máximo, e motivando-as a buscarem a perfeição em suas entregas. Esse artigo foi específico para a armazenagem de grãos dentro do agronegócio, mas as boas práticas do lean podem ser disseminadas em todas as etapas. Quer saber mais sobre rotinas de prontidão e War Room? Acompanhe os próximos materiais a serem compartilhados na nossa página.
Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2021-03/embrapa-brasil-sera-maior-exportador-de-graos-do-mundo-em-cinco-anoshttps://www.conab.gov.br/armazenagem-k2 Autora: Letíscia Rodrigues, Consultant of Capital Projects and Infraestructure na VerumPartners. A Verum Partners tem larga experiência em implantação de Lean, BIM, Cultura Ágil, e metodologia AWP como a base para o gerenciamento de seus projetos, explorando a capacidade dessa metodologia de abranger todas as áreas de conhecimento e níveis de gerenciamento, sendo base para a integração entre engenharia, suprimentos, construção e comissionamento. Temos os melhores profissionais do mercado. Somos parceiros de verdade na alavancagem dos seus negócios! Entre em contato com a gente e agende uma apresentação!