O que percebemos, no cenário atual do Brasil, quando se trata de Projetos de Capital e segurança do investimento é: 

  • Projetos com atrasos e custos acima do esperado, atingindo diretamente a qualidade da entrega; 
  • Análise de viabilidade econômica e financeira, quando realizada, de forma tardia; 
  • Limites de baterias não traçados na fase de Planejamento/Desenvolvimento, trazendo dificuldade de entender a maturidade das informações, fase do projeto e relacionamento com a projetista; 
  • Aplicação de metodologias de gestão de portfólio e projetos enviesadas pelos Owners. É comum o uso de soluções que aumentam o custo do processo e não proporcionam benefícios; 
  • Empresas com baixa maturidade ou sem estruturação de Governança de projetos; 
  • Empresas sem processo padrão de aprovação dos projetos, especialmente entre a fase de planejamento para a execução; 
  • Baixa ou quase nula participação e colaboração de outras áreas da empresa na definição do escopo, como por exemplo: Recursos Humanos, Manutenção, Operação e Sustentabilidade.

A ausência dos pontos citados acima gera impacto diretamente na baixa confiança dos investidores de que os projetos atingirão as metas estabelecidas. E de fato, quase sempre não atingem. 

No modelo tradicional de Gestão de Projetos, cuja abordagem não estabelece ritos de periodicidade de verificações e aprovações, o que se constata é que pontos chaves de decisão go – no go não são estudados e que tardiamente chega-se à conclusão de que os projetos são inviáveis e não geram valor para a empresa.

Então, fica a pergunta: como solucionar isso? 

A metodologia Front End Loading (FEL) é uma abordagem robusta de gerenciamento de projetos. Tradicionalmente e amplamente observada em grandes projetos industriais e de capital no setor de mineração, a metodologia ajuda a melhorar a tomada de decisão, gerenciar riscos e garantir o sucesso dos projetos. 

Embora o FEL seja adotado em grandes empresas, seus princípios e governança podem ser adaptados para atender às necessidades de pequenas e médias empresas (PMEs), onde os recursos e os projetos são mais limitados.

Entendendo o FEL no contexto das PMEs

Para as PMEs, a Metodologia FEL tradicional, com seus requisitos extensivos e documentação detalhada, pode parecer excessivamente complexa. No entanto, os princípios subjacentes do FEL (tomada de decisão estruturada, planejamento de projetos em fases e mitigação de riscos) são igualmente aplicáveis e benéficos. 

A chave é simplificar e dimensionar a metodologia sem perder suas principais vantagens. É possível customizar a quantidade de Entregáveis, Escopos das Fases e predefinir a maturidade de informações, conforme a tipologia de projeto.

A metodologia precisa ser ajustada para funcionar dentro das limitações de recursos, tempo e pessoal, características dessas empresas. Ao simplificar as fases, focar nos entregáveis críticos e adaptar os portões de decisão, as pequenas e médias empresas podem aproveitar o poder do FEL para melhorar os resultados dos projetos, gerenciar riscos de forma mais eficaz e alinhar seus projetos aos objetivos estratégicos do negócio. 

Na prática, essa abordagem não apenas aumenta as taxas de sucesso dos projetos, mas também promove o crescimento sustentável dentro de ambientes com recursos limitados. Tais ganhos são particularmente valiosos em PMEs onde a margem para erro é menor.

Etapas Simplificadas do FEL para PMEs

Uma das forças da metodologia FEL é a presença de portões de decisão, que funcionam como pontos de verificação entre cada fase. Para as PMEs, esses portões devem focar em decisões go/no-go essenciais, sem exigir documentação extensiva. Portanto, o foco deve ser em simplificação e escalabilidade. 

FEL 1: A primeira fase deve ser rápida e prática. Em vez de um estudo de viabilidade completo, a empresa pode realizar uma análise de mercado simplificada e uma avaliação preliminar dos custos e benefícios. O projeto está alinhado com os objetivos estratégicos e é financeiramente viável dentro dos recursos atuais? 

FEL 2: aqui, a empresa deve definir claramente o escopo do projeto, considerando alternativas e selecionando a melhor abordagem com base em sua viabilidade. O escopo do projeto está bem definido e é alcançável com os recursos disponíveis? Os riscos são gerenciáveis? 

FEL 3: nesta fase, a PME deve desenvolver um plano detalhado de execução que aborde cronograma, orçamento e estratégias de mitigação de riscos.  O projeto está pronto para execução com um plano claro em mãos? Todos os recursos necessários estão garantidos? 

Exemplo Prático: aplicando a FEL em uma Pequena Empresa de Tecnologia

Uma pequena empresa de tecnologia com 10 funcionários quer desenvolver um novo aplicativo mobile para gestão de finanças pessoais. A empresa já possui uma base de clientes, mas quer expandir seu portfólio de produtos para aumentar a receita. Veja as etapas que ela deve seguir: 

1. Identificação da Oportunidade
A empresa realiza uma pesquisa online para entender as necessidades dos clientes em relação a aplicativos de finanças pessoais. Eles descobrem que há uma demanda por um aplicativo que combine planejamento financeiro com investimento automatizado. 

Um caso de negócio é desenvolvido, destacando a viabilidade técnica e o potencial de mercado, com uma estimativa preliminar de custos e receita projetada.

2. Definição do Escopo

A empresa esboça dois conceitos: um aplicativo básico que cobre apenas planejamento financeiro, e outro mais avançado que inclui ferramentas de investimento automatizado. Após avaliação, decidem desenvolver o aplicativo avançado devido ao maior potencial de mercado.

O escopo do projeto é definido, incluindo as funcionalidades principais, o design inicial da interface do usuário, e uma previsão de recursos necessários, com estimativas de custo dentro de uma margem de ±30%.

3. Planejamento da Execução

Um plano de execução detalhado é criado, estabelecendo prazos para desenvolvimento, testes e lançamento do aplicativo. O orçamento é refinado com cotações firmes para serviços de desenvolvimento e marketing. Riscos como atrasos no desenvolvimento e orçamento excessivo são identificados, e planos de contingência estabelecidos.

A empresa está pronta para iniciar o desenvolvimento do aplicativo, com todos os recursos e estratégias em vigor para garantir a execução eficiente.

4. Resultados Alcançados

– Redução de Riscos: ao utilizar a metodologia FEL, a empresa de tecnologia foi capaz de identificar e mitigar riscos antes que eles impactassem o desenvolvimento do projeto.

– Alinhamento Estratégico: o projeto estava alinhado com os objetivos de crescimento da empresa, garantindo utilização eficiente dos recursos do projeto.

– Execução Eficiente: com um plano detalhado, a empresa conseguiu lançar o aplicativo no prazo e dentro do orçamento, resultando em um aumento de 20% na base de clientes e um crescimento de receita de 15% no primeiro ano.

Conclusão

Como vimos até aqui, o FEL é uma metodologia que pode ser aplicada ao contexto de projetos de capital, inclusive para empresas de menor porte. 

Como referência no setor de consultoria empresarial para indústria e construção, a Verum Partners tem trazido essa solução de forma adaptada para os clientes. O FEL é uma solução capaz de influenciar e transformar setores, garantindo visibilidade sobre as etapas do projeto, com acompanhamento de ações e de custos, e atualização em tempo real. 

Conte com nossa equipe de consultores para mostrar a você o potencial e a eficácia da metodologia FEL. Entre em contato e conheça a solução.

Autores:
Antônio Araújo – Senior Consultant

Luiza Galante – Project Leader na Verum Partners

Tiago Doratiotto – Project Coordinator na Verum Partners

 

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