Com o passar dos anos e ganho de relevância da temática ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança) cresce também a preocupação das empresas em relatar seus progressos. Mais do que um simples relato, as companhias estão cada vez mais atentas às melhores práticas de como organizar as informações de seus aspectos ambientais, sociais e de governança, para que tais dados alcancem os seus  stakeholders. Atualmente, os relatórios de sustentabilidade são o principal meio utilizado para esse objetivo.

Nesse contexto, e estimulado por ele, surgem os frameworks de ESG que visam padronizar a forma como as informações são divulgadas, possibilitando também  a comparação entre empresas do mesmo setor, ou de diferentes setores. Além disso, direcionam também quais são as informações mínimas que devem ser divulgadas segundo a relevância material, ou seja, segundo os temas prioritários para o setor em que a empresa faz parte. 

Neste artigo, apresentamos mais detalhes sobre os principais frameworks ESG para Relatórios de Sustentabilidade do mercado, os desafios que as empresas enfrentam em relação ao desenvolvimento desses documentos e como eles podem ser endereçados.

Frameworks ESG para Relatórios de Sustentabilidade: o que são e como funcionam esses direcionadores? 

Os frameworks de ESG para Relatórios de Sustentabilidade compartilham o mesmo objetivo: orientar as empresas quanto ao que reportar e a maneira em que devem fazer isso. No entanto, a maneira como direcionam pode variar segundo o escopo de cada um deles. 

Alguns vão focar na definição de indicadores mínimos a serem reportados em um contexto generalista, mas também trazem indicadores adicionais como estímulo à máxima transparência das informações. Outros vão definir o escopo mínimo, segundo a relevância para o setor da indústria na qual a empresa em questão faz parte. Em sua maioria, os frameworks ESG vão recomendar o reporte de informações ambientais, sociais e de governança, assim como elementos financeiros. Já outros modelos visam direcionar a transparência sobre um tema específico. 

Sabendo desta variedade, elencamos, neste artigo, alguns dos principais frameworks ESG atuais que podem ser incorporados em Relatórios de Sustentabilidade. 

Frameworks ESG: quais são alguns dos principais utilizados pelo mercado?

Listamos, a seguir, os principais frameworks ESG utilizados pelas empresas atualmente. 

Framework ESG GRI

O Global Reporting Initiative (GRI) é uma instituição internacional, fundada em 1997, que fornece uma gama expressiva de indicadores para direcionar o reporte de impacto das organizações. Seus cadernos, compilados de indicadores propostos, são divididos em três categorias:

  • Padrões Universais: fornece a base e a estrutura para todos os relatórios;  
  • Padrões Setoriais: aborda questões específicas de sustentabilidade relevantes para setores ou indústrias particulares;
  • Padrões de Tópicos: detalha indicadores específicos relacionados a impactos econômicos, ambientais e sociais. 

 O GRI é o framework para relatórios de sustentabilidade mais amplamente usado pelas empresas. Isso porque facilita a comparabilidade entre os relatórios dentro do mesmo setor, assim como, entre empresas de setores diferentes.

Framework ESG SASB 

O Sustainability Accounting Standards Board (SASB) desenvolve padrões específicos por setor para ajudar empresas a reportarem informações de sustentabilidade que sejam materialmente relevantes para investidores. Ou seja, esse é um dos frameworks de ESG que direciona o reporte para temas que podem  ter um impacto financeiro significativo sobre as empresas. 

Os padrões do SASB são divididos em 77 setores diferentes, com suas próprias diretrizes, que são projetadas para serem integradas em relatórios financeiros regulares.

IIRC

Ao contrário do GRI e SASB, o framework ESG do International Integrated Reporting Council (IIRC) não determina indicadores específicos que devem ser abordados. Ele funciona como um modelo para relatórios corporativos que buscam integrar informações financeiras e não financeiras e, assim, fornecer uma visão holística do desempenho e da criação de valor a longo prazo de uma organização. Esse modelo é conhecido como Relato Integrado. 

O framework ESG do IIRC usa o conceito de múltiplas capitais para demonstrar como as organizações criam valor. Estes capitais são: financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social e de relacionamento, e natural. Com esse enfoque, esse framework ESG permite que as organizações demonstrem claramente como estão criando valor sustentável a longo prazo, proporcionando uma base sólida para a tomada de decisões informada por parte dos investidores e outros stakeholders.

TCFD

O Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD), ao contrário dos demais, é um framework ESG que traz recomendações de divulgações específicas relacionadas a um tema específico. Criado pelo Conselho de Estabilidade Financeira (Financial Stability Board), a iniciativa tem como objetivo o desenvolvimento de recomendações para a divulgação de informações financeiras relacionadas ao clima. 

As recomendações do TCFD são projetadas para ajudar as empresas a fornecerem dados mais consistentes e comparáveis sobre os riscos e oportunidades financeiros relacionados às mudanças climáticas, permitindo que investidores, credores e seguradoras tomem decisões informadas. As recomendações são divididas em quatro frentes principais: Governança, Estratégia, Gestão de Riscos, Métricas e Metas. 

ODS

Apesar de não ser bem um framework ESG com objetivo de direcionar e padronizar as informações divulgadas em relatórios de sustentabilidade, os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, comumente são apresentados e correlacionados com as atividades das empresas. Com isso, as companhias  conseguem demonstrar como seus esforços estão contribuindo para o alcance das metas associadas a cada um dos objetivos

Como usar os frameworks ESG como ferramentas de diagnóstico

Além de serem usados como direcionadores, os frameworks ESG podem também servir como ferramenta de diagnóstico por parte das empresas. Como recomendam asmelhores práticas, eles ajudam as empresas a identificarem o caminho a ser seguido, norteando o estabelecimento de prioridades dentre as diversas frentes possíveis de atuação. Nesses casos, é importante contar com apoio técnico de profissionais com expertise em diagnosticar e definir estratégias para aderência ao escopo definido pelos frameworks ESG. A Verum Partners é uma parceira que auxilia na construção das melhores estratégias, segundo a realidade e objetivos de cada empresa. 

Quais os principais desafios que as empresas enfrentam quando se trata de Frameworks ESG?

Os desafios de implementação dos frameworks ESG são similares aos de aderência aos Ratings ESG. Com o passar dos anos, o número de frameworks disponíveis que buscam estimular a transparência das empresas cresceu e, com isso, cresceu também a complexidade dos esforços para implementar todos esses frameworks ESG. A falta de conhecimento técnico, documentos em outros idiomas, centenas de indicadores e a dificuldade de engajamento interno são alguns dos principais desafios enfrentados pelas empresas quando buscam investir tempo e esforço nessa área. 

Além disso, a complexidade também está associada à identificação de congruências para frameworks ESG diferentes. Imagina levantar diversas vezes o mesmo indicador, mas de maneiras ligeiramente diferentes, para uma área interna de uma empresa. É isso que acontece quando não há uma visão global dos diferentes frameworks ESG. 

Por que os frameworks ESG para Relatórios de Sustentabilidade são importantes para os investidores?

Os frameworks ESG são usados para padronizar a maneira como os dados ambientais, sociais e de governança das empresas são divulgados. Dessa maneira, o uso de tais frameworks facilita o acesso a informações por parte de tomadores de decisão, uma vez que possibilita a compreensão de elementos relevantes da empresa assim como a comparação com outras empresas do mercado.  

A busca pela máxima transparência segue um dos direcionadores do mercado, isto  é, garantir que investimentos sejam feitos em negócios perenes, cujos riscos são mapeados e controlados. E é nesse ponto que os frameworks ESG se conectam com os investimentos. Uma empresa com uma boa gestão de sua agenda ESG e muita transparência quanto à sua performance, refletida em relatórios robustos e bem direcionados quanto à relevância de suas informações, tende a ter um maior controle e melhor gerenciamento de seus diversos riscos. Com isso, conseguem oferecer mais tranquilidade para seus potenciais investidores com a visibilidade que dão às suas informações.

Mesmo assim, pesquisas apontam que quase a totalidade dos investidores brasileiros desconfiam das informações disponibilizadas nos relatórios de sustentabilidade, conforme apontado na reportagem da EXAME. Isso ocorre pela ausência de comprovação de informações divulgadas. Nesse contexto, se torna ainda mais relevante o envolvimento de profissionais que possam garantir o correto levantamento de informações, seguido do desenvolvimento do conteúdo do relatório, assim como profissionais independentes com as acreditações necessárias para auditar o que está sendo reportado.

Qual a melhor forma de incorporar os frameworks ESG nos Relatórios de Sustentabilidade? 

Considerando a complexidade de coordenar a adoção de diversos frameworks em um mesmo processo de gestão e divulgação de informações, o ponto inicial é definir quais dos frameworks ESG devem ser considerados prioritários. Tal definição pode ser feita considerando as expectativas de stakeholders e o que é tratado como boa prática dentre empresas do mesmo setor. Feito isso, é importante contar com apoio técnico especializado para auxiliar na organização, engajamento e levantamento das informações, uma vez que o relato dos indicadores, se mal interpretados e reportados, pode causar desconfiança  dos stakeholders da empresa. Adicionalmente, considerando que alguns indicadores podem se sobrepor em frameworks ESG diferentes, gerando retrabalho no processo de levantamento de dados, é vital contar com o apoio técnico especializado para gestão do processo do relato em todas suas etapas.

Conclusão: O futuro dos frameworks ESG para Relatórios de Sustentabilidade

Com o ganho de relevância da gestão e divulgação da performance ESG por parte das empresas, mais frameworks foram surgindo como maneira de guiar e padronizar tais divulgações. No entanto, há uma tendência de harmonização, ou seja, divulgação de correspondências entre indicadores de frameworks ESG distintos ou até mesmo uma unificação entre eles. Esses movimentos simplificam o processo de reporte sem perder o que, de fato, é relevante: a transparência sobre a  performance de ESG. 

Na Verum Partners, contamos com vasta expertise nas áreas de projetos e ESG, que alavancam a estratégia dos negócios. Se você considera  incorporar frameworks de ESG em Relatórios de Sustentabilidade, ou até mesmo utilizá-los como ferramenta de diagnóstico de maturidade ESG, entre em contato conosco. Entenda como as nossas soluções podem potencializar os pilares, as iniciativas e a análise dos resultados de ESG. 

Autoras: Fernanda Ferreira Faria – Líder de Projetos ESG na Verum Partners e Amanda Granha – Consultora de ESG na Verum Partners.

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