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Da Mina ao Mercado: Otimizando o Fluxo de Valor Integrado entre Mineração, Metais e Indústria

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Da Mina ao Mercado: Otimizando o Fluxo de Valor Integrado entre Mineração, Metais e Indústria

A competitividade e sustentabilidade da cadeia de valor industrial moderna dependem de uma compreensão sistêmica do percurso de um produto — desde a extração mineral, passando pelo beneficiamento metálico, até sua aplicação final em setores industriais diversos. A atuação integrada nas verticais de Mineração, Metais e Industrial oferece uma perspectiva única sobre como maximizar valor, reduzir perdas e antecipar riscos em toda essa jornada.

Para executivos e gestores que lideram operações nesses setores, dominar o fluxo de valor integrado representa a diferença entre sobreviver e prosperar no mercado atual. Não se trata apenas de um conceito teórico, mas de uma necessidade estratégica que determina a eficiência operacional, a sustentabilidade ambiental e a competitividade econômica de toda a cadeia produtiva.

O que é o Fluxo de Valor Integrado na Cadeia Mineral-Metalúrgica 

O fluxo de valor integrado representa a conexão sistêmica entre todas as etapas da cadeia produtiva, desde a lavra mineral até o produto final industrializado. Diferentemente da abordagem tradicional de silos operacionais, essa metodologia considera cada elo como parte interdependente de um sistema maior.

Na prática, significa que decisões tomadas na mina impactam diretamente a qualidade dos produtos siderúrgicos, que por sua vez influenciam a eficiência das operações industriais downstream. Essa interconexão exige uma gestão holística que maximize o valor agregado em cada etapa, minimizando perdas e desperdícios sistêmicos.

1. Mineração: O ponto de partida da cadeia

A mineração é o início da jornada do valor. É aqui que os recursos naturais são identificados, extraídos e preparados para o processamento. No entanto, essa etapa enfrenta desafios estruturais significativos. A seguir, listamos os principais:

Dores sistêmicas da mineração moderna

Alto custo de produção devido à variabilidade geológica e logística

A heterogeneidade dos depósitos minerais cria incertezas operacionais que podem elevar os custos de maneira expressiva, em relação ao planejado. Variações na dureza, teor e composição mineralógica exigem ajustes constantes em equipamentos, resultando em paradas não programadas e ineficiências no processamento. 

Além disso, a localização remota de muitas operações minerais impõe complexidades logísticas que podem representar 15-25% dos custos totais de produção.

Dificuldades na previsibilidade de qualidade e volume de minério

Modelos geológicos tradicionais apresentam desvios de 20-30% entre o previsto e o real, criando instabilidade na cadeia de suprimentos. A ausência de dados granulares sobre variações composicionais impede o planejamento otimizado de blend de minérios, resultando em produtos inconsistentes que não atendem especificações metalúrgicas rigorosas.

Baixa integração com os elos seguintes da cadeia

Muitas das operações minerais ainda operam com sistemas isolados, sem comunicação direta com plantas de beneficiamento ou siderúrgicas. Essa desconexão gera lead times desnecessários, estoques intermediários elevados e perda de oportunidades de otimização conjunta que poderiam reduzir custos sistêmicos.

Melhores práticas com foco em excelência operacional

Adoção de modelos preditivos baseados em dados geológicos e operacionais

A Implementação de algoritmos de machine learning permite integrar dados de sondagem, sensores de processo e análises químicas em tempo real. Essas soluções podem melhorar a precisão de previsão de teores e reduzir a variabilidade na alimentação das plantas. 

Integração em tempo real com plantas de beneficiamento para alinhar especificações

O desenvolvimento de protocolos de comunicação digital, que transmitem características do minério lavrado diretamente para sistemas de controle das plantas, faz toda a diferença no mecanismo das plantas de beneficiamento. Essa integração permite ajustes automáticos em parâmetros de britagem, moagem e flotação, resultando em melhorias na recuperação metalúrgica e redução no tempo de ajuste de processos.

Automação e uso de IA para otimizar lavra e transporte

A implementação de sistemas autônomos de transporte reduz custos operacionais e melhora a segurança operacional. Algoritmos de otimização de rotas, baseados em dados topográficos, condições climáticas e características do minério, podem reduzir consumo de combustível. De outro modo, os sistemas de despacho inteligente coordenam equipamentos de lavra e transporte, maximizando a utilização de ativos e reduzindo os tempos de ciclo.

Gestão Integrada e Governança Colaborativa como modelo de gestão dos projetos de CapEx

A adoção de práticas que potencializam a integração e colaboração de parceiros em projetos de CapEx na mineração é fundamental para maximizar resultados e reduzir riscos em ambientes complexos e de alta variabilidade. Ao promover o early involvement dos stakeholders e estruturar um ambiente integrado de gestão, essas abordagens fortalecem a sinergia entre áreas técnicas, operacionais e administrativas, possibilitando maior transparência no fluxo de informações e decisões. Isso acelera a tomada de decisão, evita retrabalhos e alimenta um ciclo virtuoso de confiança, onde os diferentes atores atuam com clareza de propósito em um processo ganha/ganha. Como consequência, cresce a satisfação das equipes envolvidas, que se sentem parte da estratégia e mais motivadas a contribuir com soluções criativas e sustentáveis para os desafios do projeto.

2. Metais: Transformação primária com impacto estratégico

Após a extração, o minério segue para o beneficiamento e transformação em produtos metálicos semi acabados (lingotes, placas, bobinas, etc.)., mas também carrega suas complexidades específicas que podem determinar o sucesso de toda a operação. 

Vamos conhecer os detalhes dessa transformação primária em profundidade: 

Dores sistêmicas na transformação metalúrgica

Incerteza na qualidade da matéria-prima recebida

Na prática, variações  na composição química do minério recebido podem comprometer severamente a qualidade final dos produtos metálicos. Na siderurgia, por exemplo, oscilações no teor de sílica e alumina podem alterar a basicidade da escória, afetando diretamente a dessulfuração do aço e resultando em produtos fora de especificação. Essa instabilidade força reprocessamentos que podem aumentar custos de produção e gerar atrasos na programação de entregas.

Perdas energéticas e de material no processo de fundição e refino

Os processos de transformação metalúrgica são intensivos em energia, com altos-fornos consumindo 450-500 kg de coque por tonelada de ferro-gusa e fornos elétricos demandando 400-500 kWh por tonelada de aço. Neste cenário, as ineficiências podem elevar esses consumos em , impactando diretamente a competitividade. Perdas de material durante refino secundário podem atingir um percentual expressivo do volume processado, representando milhões em custos diretos para operações de grande escala.

Falta de visibilidade sobre a demanda final, levando a estoques desbalanceados

Muitas siderúrgicas operam com estoques de produtos semiacabados superiores a 30 dias de demanda, imobilizando capital significativo. A ausência de integração com sistemas de planejamento industrial resulta em mix de produtos inadequado, com alguns itens em excesso, que geram custos de armazenagem, e outros em falta, causando perda de vendas e clientes.

Melhores práticas na metalurgia integrada

Sincronização de produção com previsão de demanda industrial

A sincronização envolve a implementação de sistemas S&OP (Sales & Operations Planning) avançados que integram dados de mercado, previsões de demanda e capacidades produtivas.Neste cenário, os algoritmos de demand sensing (sensoriamento de demandas) utilizam dados de pontos de venda, tendências econômicas e sazonalidade para gerar previsões com precisão superior aos métodos tradicionais. Essa sincronização pode reduzir estoques enquanto melhora o nível de serviço.

Digital twins e simulação para otimização dos fornos e laminações

O uso de gêmeos digitais de processos metalúrgicos permite a simulação de cenários operacionais, sem interrupção da produção. Modelos termomecânicos avançados otimizam perfis de temperatura, velocidades de laminação e pressões de redução, resultando em economia energética e melhoria de qualidade. Os sistemas de controle preditivo, baseados em digital twins, podem antecipar desvios de processo com algumas horas de antecedência, permitindo ajustes preventivos.

Transparência entre operações upstream e downstream via plataformas integradas

O desenvolvimento de arquiteturas de dados, que conectam sistemas MES (Manufacturing Execution Systems) de diferentes plantas, permite a rastreabilidade completa desde o minério até o produto final. Com o uso de plataformas baseadas em tecnologias, como Apache Kafka e stream processing, é possível garantir latência inferior a 100ms na propagação de informações críticas, viabilizando ajustes em tempo real que podem melhorar o yield e reduzir o retrabalho.

3. Industrial: Aplicação final e demanda por eficiência e customização

O elo industrial é onde o metal se transforma em valor tangível para a sociedade — seja em peças automotivas, estruturas civis, equipamentos médicos ou tecnologia de ponta. Aqui, os desafios mudam de natureza, mas são igualmente críticos para o sucesso competitivo das organizações.

Dores sistêmicas no setor industrial

Alta complexidade na gestão de múltiplos fornecedores e materiais

Comumente, as indústrias modernas trabalham com 200-500 fornecedores diferentes de materiais metálicos, cada um com especificações técnicas, lead times e condições comerciais distintas. Essa complexidade resulta em altos custos administrativos e riscos de supply chain que podem interromper linhas de produção. Sabendo disso, é importante ter em mente que variações de qualidade entre fornecedores podem gerar taxas de rejeição, impactando diretamente a eficiência operacional.

Pressões por sustentabilidade e rastreabilidade da cadeia

Atualmente, diferentes regulamentações, como o Carbon Border Adjustment Mechanism (CBAM), da União Europeia, exigem rastreabilidade completa da pegada de carbono dos materiais utilizados. Contudo, muitas empresas industriais ainda não possuem sistemas adequados para rastrear a origem e impacto ambiental de seus insumos metálicos. A ausência deste tipo de controle cria riscos de compliance que podem resultar em multas aplicadas em cima do valor das importações afetadas.

Longos lead times e variabilidade no fornecimento impactando o just-in-time

Lead times médios para produtos siderúrgicos especiais podem variar de 60-120 dias, com desvios de ±30% em relação ao programado. Essa variabilidade força a manutenção de estoques de segurança acima do ideal, aumentando custos de capital de giro e riscos de obsolescência. Além disso, possíveis interrupções no fornecimento podem parar linhas de produção, gerando altos custos por hora em setores como automotivo e aeroespacial.

Melhores práticas com foco em excelência industrial

Estratégias de procurement baseadas em analytics e risco operacional

Para ter sucesso neste tipo de estratégia, é preciso investir na implementação de sistemas de sourcing inteligente que avaliam fornecedores através de mais de 50 KPIs incluindo qualidade, pontualidade, estabilidade financeira e riscos geopolíticos. Na prática, os algoritmos de machine learning analisam padrões históricos para prever riscos de fornecimento com precisão, permitindo ações preventivas que reduzem interrupções. Além disso, com essa abordagem, é possível reduzir custos de procurement através de consolidação estratégica de fornecedores.

Alinhamento colaborativo com fornecedores upstream para garantir especificações

Para esse alinhamento, um dos caminhos possíveis é o desenvolvimento de parcerias estratégicas com alguns dos fornecedores críticos, incluindo compartilhamento de previsões de demanda, especificações técnicas detalhadas e roadmaps de desenvolvimento de produto. De outro modo, os programas de supplier development podem melhorar a performance de fornecedores em através de transferência de conhecimento e metodologias de melhoria contínua. Já os contratos de longo prazo, com cláusulas de performance, garantem estabilidade de fornecimento e qualidade.

Uso de PLM (Product Lifecycle Management) e rastreamento digital de materiais

Os sistemas PLM integrados permitem rastreabilidade completa desde especificação de materiais até produto final, garantindo compliance com regulamentações técnicas e ambientais. O uso de tecnologias inovadoras, como blockchain industrial e IoT, garante autenticidade e integridade dos dados de rastreamento, criando “passaportes digitais” para materiais que facilitam a reciclagem e economia circular. Essa rastreabilidade pode reduzir custos de compliance e fornecer mais celeridade aos processos de certificação.

A Conexão entre Verticais: Da Eficiência Local à Inteligência Sistêmica

Apesar das diferenças entre os setores, há temas transversais que se repetem e se complementam,  criando oportunidades únicas de otimização quando adequadamente integrados. A verdadeira vantagem competitiva emerge da capacidade de orquestrar essas sinergias de forma sistemática e sustentável. Veja como conduzir esse processo com base em três pilares centrais. 

Dados como elo condutor

A cadeia de valor se fortalece quando os dados fluem livremente entre as etapas. Sensores na mina, parâmetros nos fornos e indicadores de performance nas linhas industriais podem (e devem) conversar entre si. Além disso, data lakes e plataformas de analytics avançados permitem correlações antes impossíveis, como identificar como variações geológicas específicas impactam propriedades mecânicas de produtos finais 6-8 semanas depois. Essa inteligência de dados pode melhorar a previsibilidade de qualidade e reduzir custos de não-qualidade.

Rastreabilidade e ESG

A exigência por materiais de origem ética e baixo impacto ambiental faz com que o rastreamento digital (blockchain, IoT, etc.) seja um diferencial competitivo cada vez mais valorizado pelos mercados premium. Os sistemas de rastreabilidade end-to-end podem agregar valor aos produtos finais em mercados que valorizam a sustentabilidade. Além disso, reduzem riscos regulatórios que tendem a gerar multas e restrições comerciais, com impactos no faturamento em multas e restrições comerciais. Em síntese, a capacidade de demonstrar origem responsável de materiais está se tornando pré-requisito para participação em cadeias de suprimento globais, especialmente em setores como automotivo, eletrônicos e construção civil

Integração operacional e estratégica

A capacidade de planejar de forma integrada — considerando restrições e oportunidades em toda a cadeia — reduz desperdícios, acelera o time-to-market e aumenta a previsibilidade. Os sistemas de planejamento integrado S&OP que conectam previsões de demanda final com capacidades de produção em todas as etapas da cadeia. Na prática, eles contribuem para otimizar a utilização de ativos, reduzir estoques intermediários e melhorar o nível de serviço simultaneamente.  As organizações que implementam essa integração reportam melhorias de EBITDA por meio da eliminação de ineficiências sistêmicas.

Conclusão: O Futuro da Cadeia Mineral-Metalúrgica Integrada

O fluxo de valor integrado entre mineração, metais e indústria representa uma mudança fundamental na forma como as operações industriais complexas são organizadas e gerenciadas. Para líderes empresariais, isso significa abandonar a mentalidade de silos operacionais e adotar uma visão sistêmica que maximize valor em toda a cadeia.

Além de ganharem competitividade, as organizações que dominarem essa integração tendem a se destacar como líderes em seus mercados. A questão não é se essa integração acontecerá, mas quão rapidamente as empresas conseguirão implementá-la de forma efetiva.

Mais do que uma oportunidade de otimização operacional, o investimento em fluxo de valor integrado é estratégico para empresas que desejam manter relevância e competitividade no mercado industrial moderno. A transformação digital da cadeia mineral-metalúrgica já começou, e o momento de agir é agora.

A Verum atua como catalisadora dessa visão integrada. Por meio de diagnósticos sistêmicos, mapeamento e modelagem de fluxo de valor, melhores práticas em projetos, tecnologia e inovação, conectamos os pontos entre setores tradicionalmente isolados.

Nosso diferencial é entender que, para cada tonelada de minério extraída, há um produto final esperando ser entregue com qualidade, eficiência e sustentabilidade. Por isso, cada elo da cadeia precisa enxergar o todo, não apenas sua própria operação.

Ao olharmos para o fluxo de valor completo, percebemos que a verdadeira vantagem competitiva não está apenas em fazer bem cada etapa, mas em conectar essas etapas com inteligência, propósito e colaboração. É nesse ponto que a Verum transforma conhecimento em resultado.

Entre em contato conosco e entenda como podemos ajudar sua empresa na adoção de um fluxo de valor integrado. 

Autores: 

Lucas Carvalho – Diretor de Metais na Verum Partners

Thiago Campos – Diretor Industrial na Verum Partners 

Eduardo Franklin – Diretor de Mineração na Verum Partners

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