ESG e Transformação Cultural: Impulsionando negócios mais sustentáveis
Estamos vivendo um momento único, com pressões externas cada vez maiores relacionadas às questões ambientais, sociais e de governança. Temáticas como mudanças climáticas, relacionamento com comunidades locais e transparência nas organizações, estão se tornando cada vez mais relevantes, principalmente pela consolidação de um mercado mais exigente quanto à sustentabilidade dos negócios.
Principais Dores do Mercado
Somado a isso, nos últimos anos, o termo ESG (Environmental, Social and Governance) tem ganhado relevância, em decorrência da preocupação em ascensão do mercado financeiro sobre a sustentabilidade.
As análises de riscos para tomada de decisão sobre investimentos destacam como fundamentais as questões associadas aos eixos ambiental, social e governança, gerando uma forte indução ao mercado para que as organizações pudessem adaptar seus negócios para essa exigência.
É necessário que as organizações busquem a compreensão em conjunto com as partes interessadas, tanto aquelas que fazem parte dos negócios, quanto as externas, sobre quais são os impactos negativos e positivos que geram na sociedade e território, para agir com objetivo de minimizar os impactos negativos e potencializar os positivos.
Atualmente, as partes interessadas demandam maior performances socioambiental e de governança associadas a resultados financeiros significativos. Seja por resultados no curto ou no médio prazo, a sustentabilidade pode entregar um melhor resultado financeiro para as organizações, não há como dissociar propósito e lucro.
Existe uma tendência global das instituições em direção à sustentabilidade, tendo em vista que os impactos causados ultrapassam as fronteiras territoriais. As relações internacionais de comércio já são influenciadas pela sustentabilidade, tem sido cada dia mais desafiador exportar para a Europa, em função da rastreabilidade dos produtos, da mesma forma, algumas instituições financeiras europeias desinvestiram em companhias e títulos brasileiros por razões relacionadas a sustentabilidade.
Portanto, adotar as melhores práticas de sustentabilidade, além de ser uma necessidade para os negócios, por exigência do mercado e da sociedade, que a cada dia se engaja mais na pauta, pode permitir acesso a numerosos instrumentos financeiros associados a ESG, assim como posicionamentos relevantes pelas agências de rating.
Uma publicação muito interessante no blog da Verum Partners (ESG e Transformação Cultural: como identificar se sua empresa está realmente preparada – Verum Partners), traz uma abordagem que ajuda a identificar se a empresa está realmente preparada para o processo de Transformação Cultural, que envolve a observação do posicionamento das lideranças organizacionais, bem como verificar onde o tema é endereçado na estrutura organizacional, além de combater greenwashing.
Desafios e oportunidades
Uma boa parte das empresas brasileiras, estão no momento de planejar para identificar e desenvolver metas e estratégias de longo prazo para as questões ESG, o que indica que há uma longa jornada de sustentabilidade pela frente. Existem grandes motivadores para esse processo de transformação dentro da agenda de ESG nas empresas: atender a requisitos legais, refletir os valores da instituição, reduzir custos e ganhar em vantagem competitiva.
Ter um bom posicionamento em ratings ESG é um grande desafio, mas que gera grandes oportunidades. O nível de aderência de uma companhia a boas práticas socioambientais e de governança, mensura o quanto o conceito de ESG está inserido nas atividades, processos e valores de um negócio. Esse tem sido um dos critérios mais relevantes de avaliação de investidores na tomada de decisão para aplicar financeiramente em negócios. Os ratings ESG funcionam com atribuição de notas à performance da empresa avaliada, dentro de uma análise do mercado em que está inserida e tendo em vista as particularidades setoriais.
A MSCI (Disponível em: Powering better investment decisions – MSCI) e Sustainalytics (Disponível em: Home – Sustainalytics) são exemplos das principais agências classificadoras, a primeira tem uma base de aproximadamente 8,5 mil companhias em sua base, classificando de CCC a AAA, sendo que quanto mais próxima do AAA, maior a aderência aos critérios de ESG, já a segunda, com aproximadamente 12 mil companhias em sua base de dados, utiliza a classificação de 0 a 100, sendo que a maior proximidade de 100, indica a maior a aderência em relação a ESG.
A atração de investidores conscientes, cujo objetivo é alinhar seus investimentos com seus valores e princípios, são oportunidades que podem surgir para companhias que adotarem práticas em ESG. O lucro deve estar aliado com propósito, por isso, tanto para empresas quanto para os investidores, existem cada vez mais estímulos no mercado financeiro para priorizar esses comportamentos.
Algumas empresas, que estão posicionadas na Carteira Teórica do ISE – Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3 (Disponível em: Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3) | B3), já emitiram títulos vinculados à sustentabilidade com vencimento em 10 anos, com yield (termo utilizado para referenciar o rendimento) abaixo de papeis convencionais similares no mercado, na menor taxa da história. Portanto, resultados tangibilizados para as empresas, geram também resultado direto para os investidores.
O ganho reputacional associado a essas práticas em ESG, favorece a melhoria da imagem diante dos consumidores finais e investidores da instituição, desde que esteja lastreado por ações consistentes dentro das organizações. A transversalidade do tema afeta todas as áreas e processos, criando oportunidades para a comunicação ao mercado, com objetivo de promover o fortalecimento da imagem e reputação da organização.
Aliar lucro com propósito, além dos benefícios econômicos, gera como consequência o ganho reputacional. O marketing responsável, ocorre quando a empresa já inclui em seu planejamento estratégico ações transversais de sustentabilidade, para então reportar resultados ao mercado e à sociedade.
A transformação cultural dentro das organizações para aderência às melhores práticas de ESG é um desafio relevante, assim como também é um caminho sem volta, requer uma quebra de paradigma, para criação de uma cultura forte e resiliente, que permeie pelos valores socioambientais e de governança, conectados ao propósito de gerar negócios responsáveis e sustentáveis.
Dentre as ações negociadas no Brasil, já existe uma atratividade maior para os investidores das empresas que estão mais alinhadas com as práticas ESG, já que tendem a ser mais competitivas e promissoras, em decorrência de resultados socioeconômicos mais sustentáveis. Apesar de companhias que cumprem critérios de sustentabilidade serem ainda uma minoria, o principal Índice de Sustentabilidade (ISE) da B3 já apresentou uma superação de valorização em relação ao Ibovespa, que é hoje o indicador mais relevante de desempenho de ações negociadas no Brasil.
A XP Investimentos elaborou um comparativo das performances do Índice Bovespa e o Índice de Sustentabilidade desde 2006, representado no gráfico a seguir, que aponta para o melhor desempenho do ISE em relação ao Ibovespa, no período analisado. Especialistas da empresa apontam para uma percepção de longo prazo, de que essa tendência vai definir que aquelas empresas que priorizam ESG, irão prosperar, aquelas que não levarem a sério, tendem a perder espaço.
Jornada ESG: Como fazer a transformação cultural?
Etapa 1: Diagnóstico e Maturidade ESG (Materialidade)
O objetivo é o mapeamento dos temas materiais para as companhias, aquele que serão priorizados pela importância para os stakeholders internos e externos e relevância ao negócio. No diagnóstico é possível coletar percepções de profissionais de diversos níveis hierárquicos, identificando ações da empresa em relação a esses tópicos e classificando sua maturidade em relação às temáticas de ESG.
Etapa 2: Definindo metas e indicadores
Estabelecer metas de sustentabilidade alinhadas com as temáticas prioritárias e relevantes para o negócio, é uma forma de direcionar a organização para ações estruturadas e que sejam mensuráveis ao longo do tempo. O grande desafio está no estabelecimento de metas alinhadas com a organização nos três eixos (ambiental, social e governança), destacando-se os eixos social e governança por envolver diversos stakeholders e possuírem um monitoramento mais complexo.
Selecionar e coletar indicadores que estejam alinhados à estratégia da organização facilita o estabelecimento da referência base dos dados e por consequência, a calibração das metas diante um cenário realista da maturidade do negócio em ESG. Por mais que sejam metas de médio e longo prazo, o ideal é que sejam factíveis e alcançáveis com o plano de ação da organização.
Etapa 3: Engajando a organização
A transformação cultural da organização em relação ao ESG, deve envolver todos os níveis de gestão: operacional, tático e estratégico. Para que essa transformação seja efetiva, o envolvimento e engajamento da liderança é fundamental.
Além disso, as metas e indicadores em ESG estabelecidos, precisam ser compreendidos e traduzidos na rotina da organização e em todas as áreas. Ter a sustentabilidade refletidas nas declarações de visão, missão e propósito da empresa pode acelerar a integração de práticas ESG. Por mais que a organização possua uma equipe dedicada à sustentabilidade, essa precisa exercer influência direta nas outras áreas, como nas funções corporativas, pesquisa e desenvolvimento, suprimentos, operações e gestão de pessoas. A maioria dos executivos, gerentes e líderes concordam que ESG não deve ser abordado e conduzido de forma isolada, potencializando os resultados e oportunidades associadas.
Etapa 4: Monitoramento e integração nas rotinas
Para garantir o sucesso da transformação cultural em ESG, mapear as áreas de alto impacto é um primeiro passo para o direcionamento do foco dos esforços. Os indicadores precisam estar bem definidos, com áreas e profissionais responsáveis pelo acompanhamento, periodicidade e contribuição para o alcance das metas.
O resultado das metas estabelecidas só será alcançado a partir do momento que ações de curto prazo estejam alinhadas com a visão futura. O engajamento dos colaboradores na construção diária desses resultados é a ação central para a transformação cultural em ESG.
Etapa 5: Comunicação e divulgação dos resultados
As partes interessadas das organizações têm demandado por informações relacionadas à performance do negócio em ESG. Essa demanda alavancou o surgimento de frameworks para o direcionamento da construção de relatórios de sustentabilidade, como exemplo o GRI (Global Reporting Initiative) que indica padrões para empresas, governos e outras organizações comunicarem seus impactos nas temáticas ESG (Disponível em: https://www.globalreporting.org/). Ao fazer um recorte das empresas de grande porte mundialmente, a maioria relata seu desempenho em sustentabilidade.
Integrando ESG na organização
Visão de fora para dentro: Verum e o compromisso assumido com os ODS (Objetivos De Desenvolvimento Sustentáveis)
A Verum ao se tornar signatária do Pacto Global, incorporou nas suas rotinas compromissos que correspondem às necessidades globais relacionadas à sustentabilidade, portanto incorporamos uma visão externa, para dentro do nosso negócio.
Assumimos o compromisso em 4 movimentos: Elas Lideram, Raça é Prioridade, Mente em Foco, Transparência 100%, alinhados com a percepção de relevância e prioridade para os nossos stakeholders.
Para saber mais sobre essa iniciativa, acesse o link do blog da Verum Partners: https://verumpartners.com.br/desmistificando-os-ods/
Possuímos 5 estratégias recorrentes de engajamento interno (treinamentos, desdobramento de plano de ação para atingimento dos compromissos, desenvolvimento de indicadores, gamificação, comunicado mensal) e mais 4 estratégias de engajamento externo (divulgação externa, alinhamento dos projetos ao Pacto Global, participação nas agendas dos movimentos e elaboração do Relatório de Comunicação de Progresso).
Visão de dentro para fora
O processo de transformação cultural nas empresas, para maior aderência aos critérios de ESG, pode ter maior capilaridade se iniciar nas áreas de desenvolvimento de projetos e produtos. Dessa forma, todo conceito e estratégias podem ter um desdobramento prático quando houver a conexão estruturante da sustentabilidade no desenvolvimento de negócios.
A incorporação de requisitos específicos de ESG a partir das etapas de desenvolvimento, estendendo-se por todo ciclo de vida dos empreendimentos, é necessária para garantir essa conexão. Empreendimentos e negócios planejados dessa forma, irão contribuir para que a operação futura ocorra de forma mais eficiente, em aderência ao propósito e compromissos corporativos declarados ao mercado.
A adoção de protocolos internacionais de ESG com visão setorial é essencial para melhor definição dos parâmetros aplicáveis ao negócio.
Considerações finais
A Verum Partners, acredita no poder da transformação cultural para negócios sustentáveis. E é por isso que temos soluções de ponta a ponta que impulsionam as organizações a estarem mais aderentes às demandas de mercado associadas à sustentabilidade. Além disso, por meio de um diagnóstico completo, direcionamos para oportunidades que agregam valor ao negócio, geram visibilidade e ganho reputacional, além de potencializar o legado positivo da organização.
Quer saber mais sobre como podemos transformar o seu negócio por meio do ESG? Preencha este formulário para podermos conectar com nossas soluções em ESG.
Autoras: Alice Monteiro, Sócia Consultora ESG e Fernanda Feria, Sócia Champion ESG.