Pensemos juntos: será que a sigla ESG poderia ser SEG ou GES? Simbolicamente, trazer o “S” para o meio desse processo é relevante demais. O porquê disso? Ah, as respostas são diversas, complexas e orgânicas na sua essência. Assim como as pessoas o são.

São elas que estão no centro das relações, são as pessoas que podem (e devem) estabelecer transformações e serem transformadas. São as pessoas que criam tendências. Em qualquer modelo de Governança corporativa, em tempos de paz ou crise, as tomadas de decisão são conduzidas por pessoas, em Conselhos e Comitês. Qualquer impacto, cumulativo ou não, no Meio Ambiente irá sempre influenciar pessoas. As pessoas estão no centro do ESG (também) porque, para além de serem os reflexos das ações no “E” e no “G”, são elas quem podem “dar as cartas”.

No mês de junho, comemoraremos os 50 anos do marco histórico da Conferência de Estocolmo em 1972: 113 países reunidos, com seus Chefes de Estados. Foram essas as pessoas que abriram as portas para o momento que vivemos hoje.

Sim, temos muito a avançar. Sabemos muito bem que o tal do greenwashing está solto por aí. Se tornou muito fácil, para qualquer empresa, estabelecer propósitos e falar sobre legado. Mas e as evidências? E os avanços?

Nem tudo são flores, mas há luz no fim do túnel, e vários vagalumes estão surgindo. Sabe o que estamos fazendo muito bem? Nos comunicando melhor. Tem muita empresa realmente se dedicando a colocar seus holofotes na transparência de dados e informações (mesmo que aquém do avanço esperado).

Temos exemplos que merecem ser aplaudidos de organizações que estão se posicionando no mercado sem medo, trazendo a cadência de seus indicadores, junto com uma rastreabilidade técnica e narrativa com pontas conectadas. Com materiais de apoio, com linguagem acessível para PCDs. Colocando o nome de seus colaboradores nas legendas de suas fotos nos Relatos de Sustentabilidade. Parece bobagem, mas não é. Sentimento e conexão têm nome e sobrenome. E o mesmo deve ser estendido a cada indicador.

Nunca foi tão necessário ter a comunicação como estratégia de relacionamento em ESG. Dizemos mais: estamos falando de comunicação gerencial e qualificada. Um dado pode ser jogado de várias maneiras, mas o tabuleiro vai te cobrar o resultado. O mercado financeiro está dando seu recado por muitas vozes: Black Rock, Comissão de Valores Monetários, Fundo Amazônia, BNDES, a lista é longa, mas o recado é o mesmo. Os protocolos internacionais têm feito o mesmo: a comunicação se tornou pilar para o Pacto Global, para o GRI, para tantos outros. Sem mencionar iniciativas muito interessantes dentro das organizações.

ESG não é uma “agenda”, não é uma “pauta”, é realidade. Os colaboradores das empresas precisam estar engajados e serem multiplicadores. É estratégia, é conexão, é também ligar as pontas. No fim, voltamos à conexão entre pessoas. Isso nos move. Para um futuro mais sustentável e íntegro.

Os Relatórios de Sustentabilidade/Relatos Integrados deverão ser cada vez mais qualificados. Não basta mais dizer que a sua empresa fez X reuniões comunitárias. Vamos inverter a lógica? Vamos elevar o capital humano nos perguntando o que podemos trazer de real significado: o que as reuniões trouxeram de relevância? O que isso trouxe de impacto para a comunidade e para a empresa? O que gerou de plano de ação? Quais são as ações de saída? Isso é apenas um simples exemplo dentro de centenas de indicadores gerados a cada nova atualização da Matriz de Materialidade das empresas. Vamos escutar mais?

O momento é agora. Se ESG é conexão, nada melhor do que a comunicação para estabelecer essa narrativa. E esta história nós sabemos como contar.

 

Autora: Priscila Cordts, ESG Tribe Leader na VerumPartners