Inovar é preciso, e acredito que essa ideia seja consenso entre todos. Já pensaram se nossa comunicação fosse da mesma maneira de como fazíamos há 15 anos atrás? Muitas mudanças/inovações fazem parte do nosso dia a dia, mas venho falar de inovações que são conhecidas por muitos, e nem sempre são aplicadas em projetos de capital, algumas até utilizadas, porém de forma isolada.

Infelizmente, muitos projetos ainda são executados da mesma forma que eram realizados no passado. É importante entender que inovar nem sempre se dá pela aquisição de softwares, a inovação pode incluir também novas aplicações de processos e metodologias. A ideia é trazer a reflexão e exemplos de suas aplicações, até porque cada projeto tem sua particularidade, por esse motivo e eventualmente, alguns dos temas abordados aqui possam não ser aplicados.

1 – Analytics/PowerBI

Cada vez mais o uso de ferramentas de análise de dados tem auxiliado na tomada de decisões nos negócios, mas calma, ainda não está na hora de aposentar o Excel!

O uso de ferramentas como o PowerBI tem mostrado grande valor nos projetos de Capital, ele possui diversas aplicações, além de se conectar a diferentes ferramentas, podendo cruzar um grande volume de dados de forma simples, ele vem trazendo visibilidade nas informações do projeto. O fator principal é que ele auxilia na tomada de decisões de forma muito mais eficiente, democrática, transparente e rápida do que as boas e antigas planilhas em Excel. Existem algumas empresas que desenvolvem API para o PowerBI, e uma das possibilidades desse desenvolvimento é poder conectar modelos BIM com o BI.

2- Realidade aumenta(AR) / Realidade Virtual(VR)

A Realidade Aumentada nos possibilita incluir os projetos realizados em 3D no ambiente real, através de celulares/tablets, permitindo que as equipes do Owner/Construtoras/Montadoras visualizem o que precisa ser realizado de forma simples e interativa, permitindo não só a visualização, além da análise de interferências, assim como obter informações do modelo, exibindo o volume de concreto, peso, pacote de instalação (IWP), entre outras informações.

Já a Realidade Virtual tem um grande potencial para treinamentos de operação, segurança, entre outros, onde através de usos de óculos VR é possível ter uma experiência imersiva no ambiente 3D. Essas tecnologias parecem até coisa de filme futurista, mas já é realidade.

3- Laser Scan / Levantamento por drone:

É possível levantar uma nuvem de pontos da área do projeto através dos equipamentos Laser Scan /Drone, o que não é exatamente uma novidade, mas ainda pouco utilizado nos projetos. Esse levantamento possui inúmeras aplicações, ele nos permite mapear as áreas de difícil acesso, ter um fácil acompanhamento da obra, levantamento de campo mais preciso com um número reduzido de pessoas em campo, as-built, inspeção de qualidade, entre outros.

As nuvens de pontos podem ser integradas com as ferramentas BIM, permitindo a análise do projeto existente em conjunto com o projeto em elaboração, possibilitando a detecção de interferências, medição de cotas, e tudo com uma precisão milimétrica. Muitos scanners em conjunto com o levantamento a laser das superfícies, também fazem um registro fotográfico das cenas, diminuindo a necessidade de visitas em campo, e garantindo a qualidade dos levantamentos.

4- Digitalização dos processos:

Com todos os avanços tecnológicos que temos hoje em dia, ainda existem empresas com metodologias analógicas em seus processos, e ainda existem as que utilizam o papel na verificação de documentos, mesmo existindo tecnologias para comentar digitalmente a documentação, garantindo que a informação tramite para os demais interessados. A ideia da digitalização é garantir a centralização, confiabilidade e rapidez na consulta de informações, evitando desperdícios de capital, espaço, tempo, além dos recursos ecológicos. Outro caso clássico, ainda é o uso de documentação em papel, porém, na obra, mesmo havendo modelo 3D e sistemas para consulta de documentos de forma digital, que permitem não só consultar a documentação como também criar esclarecimentos técnicos e até, prontamente informar as marcas de campo para as-built, além da indicação de avanço das atividades, relatórios de inspeção e diversas outras possibilidades que podem ser feitas de forma digital. Existem fornecedores como a Bentley, Hexagon, Aveva e Autodesk que já possuem plataformas com esses recursos e muitas outras funcionalidades.

5 – IOT(Internet of Things):

O IOT está se tornando uma tendência, e ganhará ainda mais força com o 5G (nova rede de comunicação que permite levar a internet para regiões desprovidas de cobertura). Dessa forma, com sua aplicação, é possível através de sensores, acompanhar a umidade e temperatura, que ajuda na preservação de equipamentos em fase de comissionamento, saber o posicionamento exato de um equipamento ou material utilizando RFID (Identificação por radiofrequência), fazer monitoramento de solo, criar cercas virtuais em áreas com acesso restrito, entre outras diversas possíveis aplicações. A implementação dessa solução com outras soluções, como por exemplo, o Analytics, IA (Inteligência artificial) e digital twin proverá informações visando antecipar problemas e permitir uma manutenção preventiva mais assertiva.

6- Cultura Ágil:

A cultura ágil se popularizou na área de desenvolvimento de softwares, mas hoje em dia, a maioria dos segmentos já aplica princípios ágeis em suas rotinas de trabalho. A cultura Ágil visa minimizar a burocracia/improdutividade, aumentando a colaboração, sempre atento ao cenário e suas possíveis mudanças, com clareza e foco nas informações/entregas e objetivos do projeto, além do acompanhamento de indicadores e melhoria contínua. Um bom exemplo de aplicação da cultura ágil na engenharia é dentro da área de planejamento, de uma forma bem simplista e rotina ágil, as prioridades estabelecidas no caminho crítico do projeto e cronograma máster são sequenciadas, e as atividades/documentos são separados em metas semanais, havendo rotinas diárias de acompanhamento, com foco apenas no andamento das atividades, comunicação e identificação das restrições. O planejamento é constantemente acompanhado/atualizado, havendo atuação em caso de restrições e reprogramações, com foco nas atividades prioritárias para o projeto. A cultura ágil não se resume ao planejamento, podendo se estender a outras áreas de projeto, e tem uma grande sinergia com a metodologia AWP, BIM e Lean.

Acesse: Agregando Cultura Ágil aos projetos de engenharia de capital

7- Cultura Lean

A metodologia Lean originou-se no Japão com o objetivo de melhorar os processos internos na Toyota, melhorando a eficiência produtiva, reestruturando seus processos/ambiente, melhoria no planejamento das atividades e redução de custos e desperdícios. O Lean pode ser largamente aplicado em projeto de capital, desde melhoria em processos de fabricação, construção e montagem, estrutura e organização dos armazéns. O Lean não contribui apenas com a obra, é possível aplicar a metodologia também na gestão de projetos, enxugando processos, reduzindo custo, recursos e tempo.

Acesse: Porque você deve pensar LEAN ao estruturar o armazém do seu projeto?

8- AWP (Advanced Work Packaging):

O AWP é uma metodologia de trabalho considerada pelo CII (Construction Industry Institute) como uma das melhores práticas no mercado. De uma forma simples, essa metodologia divide o projeto em pacotes menores de trabalho que são priorizados conforme o caminho crítico do projeto. A AWP leva em consideração também restrições de documentação, equipamentos, materiais, acessos, permissões de trabalho, entre outros fatores relevantes para execução do projeto. Os pacotes são planejados para garantir que durante sua execução, toda a documentação, informações de engenharia, suprimento e construção não tenham restrições, permitindo assim a conclusão do CWP (Construction Work Packages) por completo. A aplicação do AWP não depende de modalidade contratual ou tamanho de projeto. Conforme estudos do CII, com AWP é possível:

  • Aumento de produtividade de até 25%;
  • Diminuição de custos entre 5 e 10%;
  • Melhora na qualidade da entrega com redução de retrabalhos;
  • Melhora na previsibilidade de prazo e custo.

Acesse: Pacotes de Construção na Gestão da Engenharia, utilizando a Metodologia BIM

9- BIM (Building Information Model):

O BIM não é nenhuma novidade, porém muitas empresas ainda têm dúvida se devem utilizá-lo ou não em um projeto, por acreditarem que as ferramentas BIM são um “custo” extra, sem antes avaliar todos os seus benefícios. O BIM não se limita a uma ferramenta, e sim a uma metodologia que visa o gerenciamento integrado das informações no ciclo de vida de um projeto, sendo auxiliada por ferramentas computacionais (modelo 3D, ferramentas esquemáticas inteligentes, sistemas de material, entre outros) para elaborar modelos virtuais com todas as informações necessárias para execução do projeto e obra. No BIM, todas as disciplinas e seus stakeholders trabalham de forma integrada, a informação é permeada através das disciplinas e seus documentos, garantindo a consistência entre as informações. O BIM visa eliminar as inconsistências que são muito comuns em projetos tradicionais 2D, permitindo a interoperabilidade entre os diversos sistemas, reduzindo os esforços, aumentando a produtividade, e trazendo confiabilidade nas estimativas de preços e no cumprimento de prazos, reduzindo os erros e garantindo qualidade na obra.

10 – Capacitação

É muito comum começar um projeto com pessoas alocadas para utilizar uma ferramenta sem ter o devido conhecimento na mesma, ou a aplicação de novas metodologias, novas ferramentas sem a capacitação das equipes do projeto. Pode soar estranho, mas a capacitação faz parte da inovação, e a falta dela acaba gerando uma grande improdutividade, gerando atrasos e retrabalho nos projetos. Uma iniciativa que as empresas deveriam considerar, é a criação de universidades corporativas com intuito de aculturar novos colaboradores e treinar sua força de trabalho. Outra iniciativa, seria a criação de grupos de estudo, visando melhoria em processos, procedimentos e voltados para inovação e novas metodologias.

 

Para quem quiser se capacitar, deixo abaixo informações sobre a AWP University da América do Sul:

https://verumpartners.com.br/awp-university-e-verum-partners-saiba-mais/

https://awpcopsa.verum.global/awp-latam-externo-1-turma

 

Corroborando muito do exposto aqui, queria indicar alguns Webinar que trazem um rico conteúdo, com muita inovação, e que são fundamentais hoje em dia para execução de projetos com qualidade, atendendo o prazo e custo.

Introdução ao WorkFace Planning

Webinar: AWP Fundamentals

Inovação e Transformação Digital em Projetos de Capital – SNC & Autodesk

 

Se quiser saber mais sobre algum dos temas apresentados, ou outros temas como IPD, sustentabilidade, CAPEX & Contratos deixe aqui seu comentário.

Autor: Daniel Passos, BIM Champion na VerumPartners.
A Verum Partners tem larga experiência em implantação de BIM, Cultura Ágil, Lean e metodologia AWP como a base para o gerenciamento de seus projetos, explorando a capacidade dessa metodologia de abranger todas as áreas de conhecimento e níveis de gerenciamento, sendo base para a integração entre engenharia, suprimentos, construção e comissionamento.
Temos os melhores profissionais do mercado. Somos parceiros de verdade na alavancagem dos seus negócios!
Entre em contato com a gente e agende uma apresentação!